segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PROFISSÃO DE FÉ, de Olavo Bilac

Le poète est ciseleur,
Le ciseleur est poète.
Victor Hugo.

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.


Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.


Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.


Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.


Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.


Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.


Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.


Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:


E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.


E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.


Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.


Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!


Deusa! A onda vil, que se avoluma
De um torvo mar,
Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma
Deixa-a rolar!


Blasfemo> em grita surda e horrendo
Ímpeto, o bando
Venha dos bárbaros crescendo,
Vociferando...


Deixa-o: que venha e uivando passe
- Bando feroz!
Não se te mude a cor da face
E o tom da voz!


Olha-os somente, armada e pronta,
Radiante e bela:
E, ao braço o escudo> a raiva afronta
Dessa procela!


Este que à frente vem, e o todo
Possui minaz
De um vândalo ou de um visigodo,
Cruel e audaz;


Este, que, de entre os mais, o vulto
Ferrenho alteia,
E, em jato, expele o amargo insulto
Que te enlameia:


É em vão que as forças cansa, e â luta
Se atira; é em vão
Que brande no ar a maça bruta
A bruta mão.


Não morrerás, Deusa sublime!
Do trono egrégio
Assistirás intacta ao crime
Do sacrilégio.


E, se morreres por ventura,
Possa eu morrer
Contigo, e a mesma noite escura
Nos envolver!


Ah! ver por terra, profanada,
A ara partida
E a Arte imortal aos pés calcada,
Prostituída!...


Ver derribar do eterno sólio
O Belo, e o som
Ouvir da queda do Acropólio,
Do Partenon!...


Sem sacerdote, a Crença morta
Sentir, e o susto
Ver, e o extermínio, entrando a porta
Do templo augusto!...


Ver esta língua, que cultivo,
Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo
Dos infiéis!...


Não! Morra tudo que me é caro,
Fique eu sozinho!
Que não encontre um só amparo
Em meu caminho!


Que a minha dor nem a um amigo
Inspire dó...
Mas, ah! que eu fique só contigo,
Contigo só!


Vive! que eu viverei servindo
Teu culto, e, obscuro,
Tuas custódias esculpindo
No ouro mais puro.


Celebrarei o teu oficio
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!


Caia eu também, sem esperança,
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!

A UM POETA, de Olavo Bilac

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma de disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.


domingo, 9 de novembro de 2014

ATIVIDADE - MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS


As questões abaixo se referente ao filme visto e discutido em sala de aula, bem como ao artigo "As mulheres inviáveis nas Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Cícera Araújo de Souza


1. Quem foi Brás Cubas? De que forma ele é descrito pela autora do texto?

2. Quais mulheres aparecem na obra e que foram os interesses românticos de Brás Cubas, em fases distintas, ao longo da sua vida?

3. Quem era Marcela? Como ela foi descrita do ponto de vista psicológico (emocional)?

4. A relação entre Brás Cubas e Marcela, segundo o próprio personagem, é resumida através da célebre frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos”. Como você descreveria esta relação?

5. Quem era Virgília? Qual foi o lugar que ela ocupou na vida de Brás Cubas?

6. Como foi descrita do ponto de vista físico e psicológico a personagem Virgília?

7. Como Virgília é mostrada do ponto de vista conjugal e social, principalmente em relação à traição ao marido?

8. Qual o defeito físico apresentado por Eugênia? E por qual motivo esse defeito constituiria um empecilho em um casamento seu com Brás Cubas?

9. Nhã-Loló é considerada por Brás a resposta para o tipo de união que a sociedade esperava dele. Quais características tornavam a moça digna de ocupar a posição de esposa? E por que razão tal união acabou não se realizando?

10. Segundo a autora do texto “As mulheres inviáveis nas Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Cícera Araújo de Souza, quais as razões de o destino final de Brás Cubas ser, inconformavelmente, a solidão?


segunda-feira, 14 de julho de 2014

TÓPICOS A SEREM AVALIADOS NA APRESENTAÇÃO ORAL



TÓPICO
CRITÉRIO
NOTA
Gestão do tempo
Avaliar o uso do tempo disponibilizado para apresentar o trabalho. O grupo fez bom uso do tempo? Se estendeu além do necessário ou foi breve demais?
Peso 2,0
Capacidade de expressão oral e capacidade de síntese

Avaliar se a apresentação do trabalho teve uma sequência lógica e uma clareza objetiva. O grupo demonstrou ter se preparado adequadamente para transmitir o conhecimento adquirido? O grupo demonstrou domínio do assunto abordado?
Avaliar se as ideias e conteúdos fundamentais do trabalho foram apresentados de forma clara e coerente, se o tema foi apresentado de forma organizada.
Peso 3,0
Criatividade do grupo
Avaliar a criatividade do grupo ao expor o conteúdo apresentado. Fizeram um bom uso dos recursos disponíveis (cartazes, teatro, recursos audiovisuais etc.)?
Peso 2,0
Postura do grupo
Avaliar se os alunos demonstraram uma postura corporal e gestual, bem como um comportamento adequado durante a apresentação.
Peso 2,0
Resposta aos questionamentos
Avaliar se os integrantes do grupo souberam responder de forma convincente as questões levantadas.
Peso 1,0

domingo, 29 de junho de 2014

PAÍSES QUE FALAM O PORTUGUÊS

PaísÁreaPopulaçãoPercentual do total de falantesRegião

10.740.678258.456.61599%
Brasil Brasil8.510.767,049201.032.71478,58%América do sul
Moçambique Moçambique801.59022.061.4518,85%África
Angola Angola1.246.70020.609.3006,59%África
Portugal Portugal92.20110.848.6924,48%Europa
Guiné-Bissau Guiné-Bissau36.5441.586.0000,66%África
Timor-Leste Timor-Leste14.874947.0000,39%Oceania
Cabo Verde Cabo Verde4.033420.9790,17%África
São Tomé e Príncipe São Tomé e Príncipe1.001157.0000,06%África
Macau Macau28,63538.0000,04%Ásia
Guiné Equatorial Guiné Equatorial28.051616.4590,01%África




[Fonte: Wikipédia]

quarta-feira, 18 de junho de 2014

RESENHA: A MECÂNICA DO CORAÇÃO


Este A mecânica do coração conta a estória do pequeno Jack, que nasceu na noite mais fria do mundo, no dia 16 de abril de 1874. Seria mais um dos nascimentos de crianças em Edimburgo se não fosse o fato de seu coração estar completamente congelado. Literalmente congelado por conta daquela noite especialmente fria, como nenhuma vista até então. Para salvá-lo, a doutora Madeleine (que na boca de grande parte da população tratava-se, sim, de uma velha louca, e feiticeira!), em uma cirurgia de emergência, adapta ao peito do pequeno Jack um relógio de madeira, desses com um pequeno cuco, para ajudar a conservar o ritmo dos batimentos cardíacos do bebê e a bombear normalmente seu sangue. Jack sobrevive, é abandonado pela mãe e passa a viver no orfanato dirigido pela doutora Madeleine. Contudo, por conta do estranho dispositivo instalado em seu peito, ninguém se dispõe a adotar o pequeno Jack, e ele vai crescendo na convivência com a doutora, o velho Arthur, um ex-policial, mendigo e alcoólatra, e as prostitutas Anna e Luna, formando uma estranha família.

A cirurgia inusitada que salvou a vida de Little Jack acaba condenando-o a levar uma existência sem emoções intensas – era estritamente proibido a ele se apaixonar. Todos os sentimentos gerados pelo amor ou por uma desilusão amorosa poderiam acarretar prejuízos à máquina que lhe mantinha vivo, comprometendo a própria vida do garoto. Mas apesar da superproteção de Madeleine, um dia Jack conhece Miss Acácia, uma pequena bailarina e cantora flamenca, míope e vaidosa, e acaba se apaixonando. A emoção desse primeiro encontro é tão forte que o coração de Jack dispara ao ponto de quase provocar uma tragédia.

“- Seu coração não passa de uma prótese, é mais frágil que um coração normal e será sempre assim. As emoções não são tão bem filtradas pelos mecanismos do relógio quanto seriam pelos tecidos. Você realmente precisa ser muito cauteloso. O que aconteceu na cidade quando você viu aquela pequena cantora confirma o que eu temia: o amor é perigosíssimo para você”.

Mas o mistério e o sentimento provocado por Miss Acácia no pequeno Jack é mais intenso do que Madeleine poderia imaginar. Assim, Jack decide frequentar a escola, no desejo de encontrar por lá Miss Acácia. Para sua frustração, acaba descobrindo que ela vive em uma região da Espanha chamada Andaluzia. Contudo, um acontecimento brutal obriga Jack a fugir de Edimburgo às pressas e para longe das pessoas que ele ama. Mas essa também é a oportunidade de ele ir ao encontro da sua bailaria, e ele a procura por todos os cantos por onde passa.

Trata-se afinal de uma fábula narrada em tom poético e imaginativo por Mathias Malzieu, com personagens carismáticos e cativantes. Em sua busca pelo amor o pequeno Jack conhece personagens históricos como Georges Meliès, um dos precursores do cinema e que ajudará o garoto em sua aventura para localizar Miss Acácia, e o assustador Jack o Estripador, com quem trava um estranho diálogo num trem.

“- O que deseja, garoto?
- Desejo seduzir uma mulher na Andaluzia, mas sou uma negação em matéria de amor. As mulheres que conheci nunca quiseram me ensinar sobre o assunto e me sinto muito sozinho neste trem... Quem sabe não poderia me ajudar?
- Veio bater na porta errada, garoto! Não tenho muito talento para o amor... pelo menos com as vivas, em todo o caso. Não, com as vivas realmente a coisa nunca funcionou.
Começo a sentir calafrios. Leio por cima do seu ombro, o que parece irritá-lo.
- Essa tinta vermelha...
- É sangue! Agora suma daqui, garoto, vá!
Ele copia a mesma frase metodicamente, em vários pedaços de papel: ‘Seu humilde criado, Jack o Estripador’”.

O livro conta o processo de amadurecimento do pequeno Jack numa jornada através de sentimentos intensos como o amor, o ciúme, a desilusão, a rejeição, o medo, de uma forma original e repleta de “metáforas impressionantes”. Uma fábula atemporal e para qualquer idade.


Ficha Técnica:


A MECÂNICA DO CORAÇÃO [Le mécanique du coeur, 2007, 189p.] / Mathias Malzieu [n.1974]; tradução de André Teles. Editora Galera Record.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O ROMANTISMO AINDA NECESSÁRIO (Rubens da Cunha)


Os poetas são românticos por natureza. Esse é um dos numerosos clichês que envolvem o romantismo, um movimento cultural que vai muito além do raso dos chavões amorosos. Como conceito histórico, é um dos melhores definidos na história da literatura, mas o romantismo também se apresenta como um dos conceitos mais vagos, mais indefinidos, em toda a história das artes. De maneira geral, os estudiosos compartilham a ideia de que para o romantismo a arte vale menos que o artista. A criação passa a ser então um caminho, uma ferramenta para que o criador possa comunicar o que acontece em seu interior. A única coisa que importará é o eu do poeta, a sua atividade será superior à obra. No romantismo, o desejo de viver poeticamente, de tudo ser posto romanticamente, enfrentando, claro, a impossibilidade de se viver de tal forma, em que o mundo do escritor se desconecta, se fecha sobre si mesmo, é uma das contradições desse movimento: viver à parte, na idealização, ou na utopia em contraponto com a dita vida real. Os românticos buscavam a inocência, não aquela inocência primeva do Jardim do Éden, mas uma inocência sábia, que conseguisse englobar todo o espectro cultural da humanidade. Maurice Blanchot, em um ensaio sobre o romantismo, apontou o que ele considera o duplo fracasso do romantismo: o autor não consegue desaparecer de verdade completamente, e as obras “pelas quais não se pode impedir de querer realizar-se permanecem, e como que intencionalmente inconclusas. Porém, uma das tarefas do romantismo foi introduzir um modo de realização totalmente novo, e também uma verdadeira conversão da escrita.” Eis a força desse movimento que foi muito além da literatura, atingindo diversas artes, além de outras áreas do conhecimento humano. É um movimento contraditório, amplo, que atribui ao artista uma força quase descomunal e exige dele toda uma entrega, uma busca que ultrapassaria a própria vida. Infelizmente, houve uma banalização do romantismo nos tempos atuais, tornando-o um arcabouço de ideias amorosas, geralmente rasas e sem criatividade. Em tempos de desesperança, faz-se necessário trazer de volta ao mundo aquele romantismo transgressor, ousado, que exigia mudanças radicais e utópicas na sociedade.


[Crônica publicada no Jornal A Notícia, em 4/6/2014.]

segunda-feira, 12 de maio de 2014

EXPRESSÕES E PROVÉRBIOS POPULARES - ORIGENS

Fonte: Ensino Fundamental I.
 

Elas estão na boca de todos, presentes no nosso dia a dia: estamos falando da expressões e provérbios populares, que fazem parte da nossa e de outras culturas mundiais. Mas você sabe a origem delas? Sabe de onde vieram e o que ocasionou sua fama? Se não, confira esse post interessantíssimo:

A pressa é inimiga da perfeição
Quando comentou a rapidez com que se redigia o Código Civil Brasileiro, o jurista Rui Barbosa usou esta expressão.
“A união faz a força” que era uma abreviação para um texto bíblico: ”É fácil quebrar uma vara, mas é difícil quebrar um feixe de varas”.

Acabar em pizza
Uma das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”, empregada quando algo errado é julgado sem que ninguém seja punido. O termo surgiu no futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e, depois de 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam com muita fome. Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas grandes. Depois disso, simplesmente esqueceram o assunto, foram para casa e a paz reinou. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava no jornal Gazeta Esportiva, publicou a seguinte manchete: “Crise Do Palmeiras Termina Em Pizza”. Daí em diante, a expressão pegou.

Andar à toa
"Toa" vem do inglês "tow", que é a corda usada por um barco para rebocar outro maior. Então, quando o barco menor está rebocando o navio, os marinheiros do navio ficam sem fazer nada. À toa é algo feito sem esforço, algo sem importância. Os portugueses, resolveram dar um sentido figurado a esse procedimento marítimo, e já faziam isso desde o século XVII.

Aos trancos e barrancos
A expressão se refere a algo que segue adiante, mas com muita dificuldade. Tranco é o salto que o cavalo dá, mas também pode ser um golpe brusco. Barranco (no Brasil) é a ribanceira de um rio que tem margem íngreme, mas em Portugal (que é de onde veio a expressão) é uma vala aberta por ações da natureza, como uma enxurrada, ou pelo homem.

As paredes têm ouvidos
Nascida na França e originada da perseguição contra os huguenotes, que resultou na matança conhecida como a Noite de São Bartolomeu (em 24 de agosto de 1572). A rainha Catarina de Médicis, esposa de Henrique II (rei da França), era muito desconfiada e uma perseguidora implacável dos huguenotes. Para poder escutar melhor as pessoas de quem mais suspeitava, mandou fazer uma rede com furos, nos tetos do palácio real. Foi este sistema de espionagem que deu origem à esta expressão muito famosa. Usada para avisar alguém sobre o que vai falar, para não se comprometer.


Até que a morte os separe
Na Primeira Epístola aos Coríntios, São Paulo usa a frase para falar dos laços indissolúveis que unem homens e mulheres no matrimônio.


Botar as cartas na mesa
É originada dos jogos de baralho, no qual em um momento do jogo ”botar as cartas na mesa” é revelar aos outros o que se tem nas mãos, abrir o jogo.

Casa-da-mãe-Joana
Esta Joana é a condessa de Provença e rainha de Napóles (Joana I). Em 1347, ela regulamentou os bordeis de Avignon, onde vivia refugiada. ”Casa-da-mãe-Joana” então virou sinônimo de prostíbulo, lugar de bagunça.

Chegar de mãos abanando
Originada no período de grandes imigrações no Brasil (final do século XIX). Quando estrangeiros vinham com a família para trabalhar nas fazendas dos barões do café. Os imigrantes deveriam trazer ferramentas para começar o trabalho. Quem viesse sem nada, ou com as mãos abanando, era considerado avesso ao trabalho.


Colocar a mão no fogo
Significa confiar na inocência de uma pessoa. Nasceu na Idade Média. Para provar sua inocência, o acusado deveria caminhar alguns metros, na frente de um juiz e de testemunhas, segurando uma barra de ferro em brasa nas mãos. As mãos eram protegidas apenas por um pedaço de estopa envolvido em cera. Três dias depois, a estopa era retirada. Se a mão estivesse sem nenhuma marca, o acusado era considerado inocente. Se aparecesse uma queimadura, o sujeito era enforcado.


Com o rabo entre as pernas
Significa aqueles que recuam, humilhados ou amedrontados. Seu uso é bem antigo, pois Francisco Manuel de Melo a mencionou em Feira de Anexins, de 1666.


Comer com os olhos
Quem não pode devorar uma saborosa comida, acaba comendo apenas com os olhos. Atualmente, ”comer com os olhos” significa ter certa inveja. Mas na Roma Antiga, uma cerimônia religiosa consistia em um banquete em honra dos deuses em que ninguém colocava as mãos na comida. Todos participavam da refeição apenas olhando.

Contagem regressiva
No filme A mulher na Lua, de 1930, o cineasta alemão Fritz Lang criou a contagem regressiva para dar mais emoção a uma cena de um lançamento de foguete. Cientistas alemães aprovaram a novidade e passaram a adotar a contagem regressiva no lançamento de bombas V-2, durante a Segunda Guerra Mundial. O procedimento foi levado à NASA pelos cientistas alemães que se mudaram para os EUA, fugidos do nazismo.

Custar os olhos da cara
Deu origem num costume bárbaro de tempos antigos. Os olhos eram considerados muito valiosos. Então, governantes depostos, prisioneiros de guerra e outros tipos de inimigos, tinham seus olhos arrancados depois de um golpe ou batalha. Os vencedores acreditavam que desse modo, os derrotados teriam poucas chances de se vingar porque se tornariam inofensivos.

Dar de mão beijada
Entregar algo a alguém sem nenhum pedido de retribuição. Diante dos papas, os reis e nobres mais ricos primeiro beijavam a mão de Sua Santidade e em seguida, faziam suas ofertas, entregando à Igreja terras, palácios e outros bens. O primeiro a utilizar a expressão foi o papa Paulo IV, em documento de 1555.


De pés juntos
Jurar ou negar de pés juntos é dizer algo com toda convicção. Já se falava assim em Portugal no século XVI. Os pés juntos indicam posição de sentido, demonstram respeito e obediência.

De tirar o chapéu
É quando alguma coisa está muito boa ou merece admiração. Antigamente se usava muito chapéu, então a expressão era mais usada. Hoje em dia está em extinção porque ninguém mais usa chapéu. Mas a expressão ainda permanece como forma de homenagem e de reverência. O rei francês Luís XIV criou uma espécie de manual de etiqueta sobre o uso do chapéu em sua corte, ordenando que o chapéu só poderia ser retirado da cabeça para saudações em ocasiões especiais. Foram os portugueses que trouxeram esta expressão para o Brasil.

"Dia D" e "Hora H"
Dia determinado para a execução de uma certa tarefa ou para o início de uma dada operação. Teve origem na Segunda Guerra Mundial, no famoso dia em que os Aliados se preparavam para invadir a região da Normandia, ocupada pelos alemães. Para manter o plano em sigilo, as forças aliadas registraram apenas o dia como D e a hora como H. E foi daí que nasceram as duas expressões: Dia D e Hora H.

O Dia D foi 6 de Junho de 1944 e a Hora H foi às 6 da manhã. A operação de invasão envolveu 3 milhões de soldados, 5.339 embarcações, 11 mil aviões e 15 mil tanques e veículos blindados. Morreram 80.295 soldados alemães, 34.417 soldados aliados e 12.850 civis franceses. Foi a operação militar mais espetacular de todos os tempos.

Entrar com o pé direito

A expressão é muuuuito antiga. No Império Romano, nas festas, os convidados eram obrigados a entrar no salão dextro pede (com o pé direito). Assim, evitariam má sorte.

Errar é humano
A criação de ”Errare humanum est” é atribuída ao escritor latino Sêneca (4 a.C.-65 d.C.).

Hip, Hip, Hurra!
Provavelmente nascida na Idade Média. ”Hip” viria de ”hep” (palavra formada pelas iniciais do latim ”Hierosolyma est perdita”, cujo significado é ”Jerusalém caiu” ou ”Jerusalém está perdida”. ”Hurra”, por sua vez, viria de ”Hu-raj!” (exclamação eslava que significa ”Para o paraíso!”. Se assim for, pode-se dizer que ”Hip, Hip, Hurra!” literalmente quer dizer ”Jerusalém está perdida e estamos a caminho do paraíso”.

Fazer um bicho-de-sete-cabeças
No sentido figurado, fazer de alguma coisa um ‘bicho-de-sete-cabeças’ é exagerar na dificuldade de realizá-la, o que pode acontecer por receio ou por mera falta de disposição. Algo muito complicado, de extrema dificuldade para sua execução ou entendimento.

‘Na mitologia, era uma serpente descomunal, com inúmeras cabeças, que habitava região pantanosa de Lerna, na antiga Grécia. Destruir o terrível monstro era um dos 12 trabalhos de Hércules, o grande herói que se submetera à tarefa para recuperar sua honra. A cada cabeça cortada outras mais renasciam do corpo do monstro. Hércules conseguiu cortar todas as cabeças e impedir que outras surgissem, cauterizando cada ponto com enormes tições tirados de uma floresta em chamas’, explica o professor Ari Riboldi. Para muitos autores, a serpente tinha sete cabeças, o que veio a consagrar a expressão.

Memória de elefante
Você lembra o aniversário de todos os amigos e nem precisa da agenda do celular para ligar para o primo do interior? Então você tem a memória de elefante. ‘O elefante é um bom aprendiz e lembra de tudo o que lhe é ensinado. Assimila e repete com facilidade inúmeros comandos’, afirma o professor Ari Riboldi.

Assim, costuma-se dizer que uma pessoa que prontamente lembra de tudo possui memória de elefante. Nada a ver com o tamanho do animal, mas sim com sua capacidade de repetir ordens e comandos.

Ter minhocas na cabeça
Quem está com minhocas na cabeça, está se preocupando à toa. Mas o que esse bichinho tem a ver com os seus problemas? Segundo o professor Ari Riboldi, a expressão é uma metáfora do que as minhocas fazem na terra. ‘A sua presença num terreno representa a certeza de fertilidade do solo. Elas transformam os vegetais em húmus e, pela sua ação perfuradora, facilitam a passagem e infiltração da água’, afirma.

‘As indesejáveis são as minhocas da nossa cabeça, preocupações inúteis, mas que podem nos tirar o sono. Para nos livrarmos delas, somente tirando-as de lá, ou seja, literalmente extraindo-as desse solo impróprio’, compara. A expressão retrata a ação das minhocas perfurando o solo.


Espírito de porco
Você é o rei da piada sem graça, uma mala sem alça, grosseiro ou estraga prazeres? É aquele que interfere, geralmente, no sentido de criar embaraços ou de agravar situações que já são difíceis? Pois você tem o espírito de porco. ‘A origem vem da má fama do porco, embora injusta, sempre associado à falta de higiene, à sujeira e, inclusive, à impureza, ao pecado e ao demônio, conforme alusões feitas no texto bíblico do Antigo e do Novo Testamento’, explica Ari Riboldi.

No período da escravidão, a má fama do porco foi reforçada. Nenhum dos escravos queria ter a tarefa de matar os porcos nas fazendas, o que faziam muito a contragosto. A morte era dolorosa: uma facada profunda em direção ao coração, sangue jorrando e gritos do animal aos poucos se esvaindo até morrer. ‘Entre os escravos, havia a crença de que o espírito do porco ficava no corpo de quem o matava e o atormentava pelo resto de seus dias. Nesse caso, o matador dos porcos ficava para sempre possuído pelo espírito deles’, conta Riboldi.

Estar com a macaca
Em algumas culturas, por influência da religião, acredita-se que certas palavras, como demônio, diabo, satã, são portadoras de má sorte. ‘Fazem parte dos tabus linguísticos e devem, portanto, ser evitadas. A simples pronúncia poderia trazer mau agouro, atrair a ira de um deus ou de entidade sobrenatural. O povo, na sua sabedoria, faz uso de outros vocábulos, uma espécie de eufemismo’, comenta o professor Ari Riboldi.

No Nordeste brasileiro, por exemplo, o capeta é substituído pelo termo cão. Estar com o cão é ter o diabo no corpo. Nessa região, é comum ouvir-se a expressão ‘cão chupando manga’ como sinônimo de algo muito feio, ou seja, como se fosse ver o próprio capeta chupando manga e fazendo caretas. Em outras regiões, o diabo é substituído pelo macaco ou pela sua fêmea. Logo, ‘estar com a macaca’ também é estar endiabrado, ser possuído pelo coisa-ruim, enfim, estar endemoniado.


Drible da vaca
Improvável que uma vaca fosse capaz de fazer a jogada em que o atleta lança a bola por um lado do adversário e a alcança correndo pelo outro lado (o mesmo que meia-lua). A expressão teve origem na prática do futebol em campos improvisados, nos potreiros do interior, nas fazendas, em plenas pastagens de gado. Era comum, durante a partida, um desses animais atravessar pelo meio do espaço onde se realizava o jogo. Diante dessa situação, além de driblar o seu oponente, o atleta tinha que se livrar da vaca. Para tanto, jogava a bola para um lado do animal e corria para o outro, lá adiante, para alcançá-la e dar continuidade à sua trajetória.

‘Se a vaca fosse dócil e mansa, tudo bem; caso contrário, se ela não concordasse com o drible e ameaçasse usar os chifres ou patas, o mais prudente era interromper o jogo por alguns minutos e esperar que ela mesma se afastasse para além dos limites das quatro linhas’, brinca o professor Ari Riboldi.

Lobo em pele de cordeiro
Lobo em pele de cordeiro é o indivíduo que finge ser inocente e inofensivo – como se fosse um cordeiro, o filhotinho do carneiro – para se aproveitar e tirar vantagem dos desavisados, portando-se, então, como um lobo voraz e traiçoeiro. ‘A expressão teria vindo de uma lenda da Grécia Antiga. De acordo com essa lenda, um lobo entrou num rebanho de ovelhas disfarçado, envolto numa pele de lã. Lá, saciou a sua fome, devorando várias ovelhas indefesas’, conta o professor Ari Riboldi.

Comprar gato por lebre
Quem nunca se sentiu enganado por aquela oferta generosa e descobriu que, na verdade, comprou gato por lebre? Dizem alguns historiadores que, em tempo de guerra e de carestia, muitas pessoas conseguiam vender gatos no lugar de lebres, como carne para alimento, dada a semelhança entre ambos após lhes tirarem a pele.


‘De tamanho e corpo parecidos, os velhacos deixavam a carne de gato na água e temperada, o que disfarçava seu cheiro e conseguiam passá-la adiante como se fosse lebre’, explica o professor Ari Riboldi.

Tem boi na linha
Essa é do tempo da vovó. Ter boi na linha é encontrar um obstáculo, surgir um problema, uma adversidade. Houve época em que as estradas de ferro eram protegidas por cercas, nas áreas de campo, onde havia criação de gado. Se um dos animais ultrapassasse a cerca e se instalasse tranquilamente sobre ou entre os trilhos da viação férrea, o maquinista era obrigado a parar o trem, pois havia, literalmente, boi na linha. No caso, a linha era a denominação dada à estrade de ferro (ferrovia), conhecida com linha do trem, tendo em vista os dois trilhos paralelos, explica o professor Ari Riboldi.

Corredor Polonês
Corredor polonês é uma expressão comumente utilizada para denominar uma passagem estreita formada por duas fileiras de pessoas que se colocam lado a lado, uma defronte à outra, com a intenção de castigar quem tenha de percorrê-la. A expressão faz referência à região transferida por parte da Alemanha para a Polônia ao fim da Primeira Guerra Mundial, em virtude da assinatura do Tratado de Versalhes. O Corredor Polonês dividiu a Alemanha ao meio, isolando a Prússia Oriental do resto do país. Através de uma extensão de 150 quilômetros e largura variável entre 30 a 80 quilômetros, permitiu que os poloneses circulassem livremente em território alemão, bem como possibilitou o acesso da Polônia ao Mar Báltico. Posteriormente, tanto o Corredor quanto a Prússia foram incorporados ao território polonês. A disputa pela região do Corredor Polonês provocou inúmeros atritos entre os dois países. Em 1939, durante a invasão da Alemanha à Polônia, os poloneses foram encurralados pelos alemães, os quais se posicionavam dos dois lados do Corredor e atiravam contra os poloneses, que estavam no meio.

Voto de Minerva
A expressão tem sua origem em uma história pertencente à mitologia grega. Agamenon, o comandante da Guerra de Troia, ofereceu a vida de uma filha em sacrifício aos deuses para conseguir a vitória do exército grego contra os troianos. Sua mulher, Clitemnestra, cega de ódio, o assassinou. Com esses crimes, o deus Apolo ordenou que o outro filho de Agamenon, Orestes, matasse a própria mãe para vingar o pai. Orestes obedeceu, mas seu crime também teria que ser vingado. Em vez de aplicar a pena, Apolo deu a Orestes o direito a um julgamento, o primeiro do mundo. A decisão, tomada por 12 cidadãos, terminou empatada. Chamada pelos gregos de Atenas (Minerva era seu nome romano), a deusa da sabedoria proferiu seu voto, desempatando o feito e poupando a vida de Orestes. Eis a razão da expressão Voto de Minerva (também conhecida como “voto de desempate” ou “voto de qualidade”).

Bafo de onça
A onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, fede muito e sua presença é detectada à distância na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido passaram a ser chamadas de “bafo de onça”. A expressão também faz referência ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado.

Santinha do pau oco
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e 19, os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.

Névoa baixa, sol que racha
Ditado muito falado no meio rural. A Climatologia o confirma. O fenômeno da névoa ocorre geralmente no final do inverno e começo do verão. Conhecida também como cerração, a névoa fica a baixa altitude pela manhã provocando um aumento rápido da temperatura para o período da tarde.

Sem eira nem beira
Significa pessoas sem bens, sem posses. Eira é um terreno de terra batida ou cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da eira. Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o proprietário fica sem nada. Na região nordeste este ditado tem o mesmo significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira como era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres não tinham condições de fazer este telhado , então construíam somente a tribeira ficando assim “sem eira nem beira”.

Lua de mel
A expressão vem do inglês honeymoon. Na Irlanda, na Idade Média, os jovens recém-casados tinham o costume de tomar uma bebida fermentada chamada mead – ou hidromel, composta de água, mel, malte, levedo, entre outros ingredientes. O mel era considerado uma fonte de vida, com propriedades afrodisíacas. A bebida deveria ser consumida durante um mês (ou uma lua). Por essa razão, esse período passou a ser chamado de “lua de mel”.

Pensando na morte da bezerra
A história mais aceitável para explicar a origem da expressão é proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Conta-se que certa vez um rei resolveu sacrificar uma bezerra e que seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, opôs-se. Independentemente disso, a bezerra foi oferecida aos céus e afirma-se que o garoto passou o resto de sua vida pensando na morte da bezerra. Assim, estar “pensando na morte da bezerra” significa estar distante, pensativo, alheio a tudo.

Farinha do mesmo saco
“Homines sunt ejusdem farinae” (São homens da mesma farinha, em latim) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. A metáfora faz referência ao fato de a farinha de boa qualidade ser posta em sacos separados, para não ser confundida com a de qualidade inferior. Assim, utilizar a expressão “farinha do mesmo saco” é insinuar que os bons andam com os bons, enquanto os maus preferem os maus.

Tirar o Cavalo da Chuva
- Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.

Dar com burros n'água
A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.

Guarda a sete chaves
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo “guardar a sete chaves” para designar algo muito bem guardado. 

OK
A expressão inglesa “OK” (okay), que é mundialmente conhecida pra significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão, no EUA. durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa “0 Killed” (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo “OK”.

Rasgar seda
A expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: “Não rasgue a seda, que se esfiapa”.

Água mole e pedra dura, tanto bate até que fura
Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como A arte de amar e Metamorfoses, que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: “A água mole cava a pedra dura”. É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o provérbio portugueses e brasileiros.

Olha o passarinho!
Quando a fotografia foi inventada, a impressão da imagem no filme não se dava com a mesma rapidez dos dias atuais. Na metade do século 19, os fotografados tinham de permanecer parados por até 15 minutos, a fim de que sua imagem fosse impressa dentro da máquina. Fazer as crianças ficarem imóveis por tanto tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas com pássaros ficavam penduradas atrás dos fotógrafos, o que chamava a atenção dos pequenos. Assim, a expressão “Olha o passarinho” ficou conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na hora da pose para a foto.

Novo em folha
Para falar que algo nunca foi usado ou que, se já foi, está em ótimo estado, dizemos que está “novo em folha”. A expressão também pode ser usada para designar alguém que, depois de se machucar ou enfrentar uma doença, está curado. A origem dessa expressão baseia-se em folhas de papel branquinhas, limpinhas e sem amassados, encontradas em livros novos, recém impressos. Assim, trata-se de livros “novos em folha”.

Ovelha negra
Esta expressão não é brasileira nem restrita à língua portuguesa. Vários outros idiomas também a utilizam para designar alguém que destoa de um grupo, assim como uma ovelha da cor preta se diferencia em um rebanho de animais brancos.

Na Antiguidade, os animais pretos eram considerados maléficos e, por isso, sacrificados em oferenda aos deuses ou para acertar certos acordos. Daí o hábito de chamar de “ovelha negra” aqueles que se diferenciam por desagradar e chocar aos demais.

Tintim por tintim
Corrente tanto no português do Brasil como em Portugal, a expressão “tintim por tintim” é utilizada para falar de alguma coisa descrita em seus mínimos detalhes. Segundo o filólogo brasileiro João Ribeiro, “tintim é a onomatopeia do tilintar de moedas”, ou seja, tintim é o barulho que uma moeda faz quando cai sobre outra. Em sua origem, a expressão “tintim por tintim” era usada para se referir a uma conta ou dívida paga até a última moeda. Assim, quando queremos obter informações precisas sobre algum fato ou situação, costumamos dizer: “Conte-me tudo, tintim por tintim”.

terça-feira, 6 de maio de 2014

BOM CONSELHO, de Chico Buarque

Um bom exemplo de intertextualidade é a canção "Bom Conselho", de Chico Buarque. Aqui o compositor faz uso de expressões e provérbios populares, invertendo seus significados em alguns momentos. Dessa forma, Chico questiona-os, olhando-os sob um novo ângulo, atribuindo-lhes novos sentidos.


Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

[Chico Buarque, 1972]

INTERTEXTUALIDADE [ #3 ]

A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura. Veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:

Acima, a obra original, de Leonardo Da Vinci.


Versão que lembra o cartaz do filme Pulp fiction (1994), de Quentin Tarantino.



Comercial da Bom Bril. O slogan da campanha lembra que "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima".




Versão satírica, com Mr. Bean.



Versão de Maurício de Souza, com a personagem Mônica.