domingo, 22 de fevereiro de 2015

O AMOR ACABA (Paulo Mendes Campos)


Fonte: https://daniellemoraes.files.wordpress.com/2010/01/0amor-que-se-acabou.jpg
 
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova York; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
Disponível em: <http://www.releituras.com/i_eleonora_pmcampos.asp>. Acesso em: 20 fev. 2015.




O AMOR ACONTECE* (Adriana Falcão)

Fonte: http://www.yogajournal.com.br/wp-content/uploads/2014/02/figura_amor3.jpg

Parece que tem acontecido mais raramente, ninguém sabe ao certo por que, mas, de repente, olha lá ele. O amor acontece quando quer, sem dar ouvidos a pedidos humanos, talvez porque seja inclemente, ou porque apenas obedeça a ordens superiores, ou porque esteja convicto daquilo que está fazendo. Alguém diz algo agradável e o amor acontece. Alguém diz um absurdo e o amor acontece. Alguém não diz nada e o amor acontece. Alguém toma uma atitude e o amor acontece. Alguém canta o amor e ele acontece. Ninguém está esperando e o amor acontece. Numa manhã meio nublada de uma data sem importância, em pleno sol de domingo, no dia da padroeira, embaixo de um temporal, em qualquer estação do ano, às margens do Tietê, do Capibaribe, ou do Sena, não importa a ocasião, é no coração que o amor acontece. Na teimosia de uma tarde no escritório, no meio de uma reunião, de uma ligação, de um cafezinho, acontece de o amor vir para enxotar o tédio e trazer a noite às pressas. Entre dois adolescentes que ficam juntos numa festa, sem nenhum planejamento prévio, o "ficar" vai ficando premente, e o amor exige um namoro. Num vigésimo "alô", quando uma voz sente vontade de falar mais, e eternamente, a despeito da conta telefônica, o impulso do amor cruza a linha de chegada. Na plateia do cinema, acontece vez por outra: uma cena desperta uma emoção, que desperta outra, que desperta outra, e lá vem o amor provar que "a vida é amiga da arte", como diz Caetano Veloso. Após um beijo casual, no fim de uma noite que parecia não ter futuro, duas mãos se entrelaçam com firmeza, e os corações se aquecem no aconchego do amor que acontece. No meio da pista lotada, o rapaz enlaça a moça, ele cheira a fumaça, ela cheira a lavanda, a música techno dá lugar a sinos, o DJ se transforma em Frei Lourenço e presencia o acontecimento. Na frente da televisão, a paixão, já fatigada, dá um último suspiro, mas outro sentimento surge, e é o amor acontecendo em seu feitio manso. Numa madrugada fria, debaixo de um cobertor, acontece o amor. Dentro de um carro estacionado, apesar do medo de assalto, acontece o amor. Atrás de um muro, no escuro, na moita, proibido de acontecer, ele não quer nem saber. Acontece com a pessoa certa ou com a pessoa errada, será que o amor descrê do erro? Acontece de acontecer de um lado só, provocando dor, mas se acontece de dois lados, como pode ser tão bom? Acontece de várias formas, seja em encontro escondido, seja em jantar esporádico, seja em vestido de noiva, seja em casas separadas, seja em cidades distantes, e às vezes se transforma, modificando crenças e planos. Seja como for, assim penso, vale a pena comemorar o acontecido. Acontece de durar um dia, uma noite, uma semana, um mês, um ano, uma década, uma vida, sem certificado de garantia, nem prazo de validade, ele e seus perigos, como um equilibrista no fio. E de repente, muitas vezes, o amor vai e desacontece sem que ninguém saiba o motivo. Mas isso é uma outra história, escrita por um outro cronista.

* Este texto é inspirado na crônica “O Amor Acaba”, do meu ídolo Paulo Mendes Campos.


FALCÃO, Adriana. O amor acontece. O Estado de S.Paulo, 10 jul. 2009. Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,o-amor-acontece,400981>. Acesso em: 20 fev. 2015.
 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

AVALIAÇÃO INDIVIDUAL - CRITÉRIOS



ASPECTOS POSITIVOS
ASPECTOS NEGATIVOS
Assíduo
[comparece regularmente às aulas não possuindo faltas ou possuindo-as devidamente justificadas]
Faltoso
[excesso de falta no bimestre; faltas não justificadas, principalmente em dias de atividade avaliativa ou provas] – 75% de frequência.
Participativo
[toma parte nas aulas, oferecendo seu ponto de vista ou opinião nas discussões; realiza as atividades, leituras, apresentações e correções]
Desinteressado
[falta de interação nas aulas; recusa-se a participar das atividades, leituras, apresentações e correções]
Disciplina
[cumpre as regras; segue as instruções; não falta com o respeito ao professor e demais colegas]
Indisciplina
[descumprimento das regras; falta de respeito com o professor e/ou colegas; uso abusivo recursos e equipamentos alheios à aula, como celular ou outros eletrônicos; saída de sala durante as trocas de aula sem autorização; conversa excessiva; deslocamento constante em sala sem necessidade etc.]
Demonstra iniciativa/autonomia
[tomada de decisões e realização das tarefas sem a necessidade da interferência do professor; postura que demonstre desejo de aprender, de buscar a informação e o conhecimento]
Necessita orientação constante
[precisa ser chamado à atenção para a realização de atividades, exercícios etc.; postura displicente e apática; falta de empenho]
Aproveita o tempo em sala de aula
[usa adequadamente o tempo disponível para a realização das atividades e tarefas]
Não realiza as atividades em sala
[adia ou não realiza as atividades e trabalhos em sala]
Cooperação nas atividades em grupo
[sabe trabalhar coletivamente, dividindo as tarefas, discutindo-as e solucionando-as em equipe; participação nas conversas e debates]
Falta de cooperação nas atividades em grupo
[não participa dos trabalhos ou deixa a responsabilidade para os colegas; falta de interesse ou participação nas conversas e debates]
Conteúdo em dia
[caderno em dia e exercícios realizados]
Sem conteúdo ou conteúdo incompleto [caderno incompleto e atividades incompletas ou não realizadas]
Qualidade do trabalho
[é organizado, cuidadoso na apresentação estética do caderno, bem como nos trabalhos, tarefas, produções de texto etc.]
Qualidade insuficiente ou falta de qualidade
[desorganizado, descuidado ou desleixado na apresentação estética do caderno, bem como dos trabalhos, tarefas, produções de texto etc.]
Material adequado à disciplina
[livros, caderno, caneta, lápis, borracha, material didático em geral; quando da realização de atividades ou trabalhos, traz o material solicitado para pesquisa e consulta]
Material insuficiente ou alheio à disciplina
[falta de material para estudo – caderno, livro, caneta, lápis, borracha etc.; realiza trabalhos ou atividades de outras disciplinas em sala]
Trabalhos, avaliações e recuperações em dia
[entrega dos trabalhos nos prazos; realização de todas as atividades e avaliações realizadas]
Não apresenta os trabalhos e atividades
[atraso na entrega trabalhos e exercícios nos dias designados; falta das atividades e avaliações realizadas, parcial ou totalmente]


Pontuação:

1,0 – Cumpre integralmente.
0,5 – Cumpre parcialmente.
0,0 – Insuficiente.